sábado, 6 de fevereiro de 2010

Tapas na cara.


Aquelas palavras eram como tapas na cara. Atingiam com força os dois lados do meu rosto. Os cinco dedos marcavam como brasa, esquentando e envergonhando. E eu não sabia o que dizer; menor que uma formiga, era como eu me sentia. Sem reação, engoli a humilhação com uma colher de chantilly e passei a mão pelos cabelos como se nada tivesse acontecido.

Como um salto alto quebrado, eu me sentia como um salto alto quebrado, caído e perdido no asfalto. Descalcei os sapatos que já não mais serviam para mim.

E os tapas na cara ainda ardiam, agora por dentro. Com o salto quebrado então, atingi sua cabeça, e meu rosto pareceu ficar um pouco mais pálido.

Eu senti o choro subir pela garganta, arranhando, mas as lágrimas saíram em forma de letras, tão salgadas como o mar em que estava me afogando. No caminho de volta, coloquei de novo o mesmo salto alto quebrado, e com o rosto vermelho, fui andando torta e manca em sua direção.

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