sábado, 12 de dezembro de 2009

Tipicamente.

- Sai daqui! Nunca mais se atreva a falar comigo!

A garota explodiu. Toda aquela frustração acumulada e um toque de TPM jorrando de todo o seu corpo. Saiu correndo e se trancou no banheiro. Típico. Chorou até secar. Já havia passado o intervalo e metade da outra aula quando ela voltou pra classe como os olhos inchados, denunciando-a para a própria razão do choro. Bateu o sinal da saída. Ela desceu as escadas rapidamente desejando pegar o primeiro ônibus que passasse e esperando que o fim de semana pudesse ajudá-la a esquecer isso tudo. Quando sentiu aquela mão quente e grande, segurar-lhe o braço, e aquela voz lhe dizendo para esperar, ela simplesmente parou e virou.
Fixou bem fundo seus olhos nos dele e de lá não os tirou. Esperou que ele falasse.
- Me diz o que eu te fiz? - aquela falsa ingenuidade irritou ainda mais a garota.
- Você ainda pergunta? Olha bem nos meus olhos! Você acha realmente que eu sou trouxa? Eu pareço palhaça é? - ela gritou, esquecendo que estava justamente no corredor da diretoria, esquecendo de tudo. E cuspiu todas aquelas palavras que entalavam sua garganta, que a impediam de respirar livremente. - Você não tem esse direito! De brincar comigo! Ninguém tem! Eu não sou como essas vagabundas com quem você sai! Eu não sou igual a nenhuma delas! Nenhuma! E você sabe disso! Sempre soube! - as lágrimas já escorriam como água pelo seu rosto vermelho nesse momento.
Mas o garoto, boquiaberto, não teve tempo de reagir. a diretora mais perversa do colégio ouviu, logicamente, toda a gritaria sufocada da menina e veio ver o que estava acontecendo.
- O que está acontecendo aqui? - ela perguntou naquela vozinha só aparentemente calma mas que exprimia um nervoso contido.
Resultado: os dois receberam uma advertência e a diretora ligou na casa deles explicando tudo
A menina chegou em casa duplamente abatida. Ela estava tão chateada que não fez nada o fim de semana inteiro. As amigas ligaram várias vezes chamando-a para sair, mas ela preferiu ficar se remoendo sozinha do que se remoer em qualquer outro lugar com elas. Domingo à tarde ela já havia se conformado. Não estava mais com raiva, agora era simplesmente um sentimento de pura mágoa que já estava se acostumando com toda a situação, estava se preparando para ser empurrado bem fundo em seu peito e ficar ali, escondido.
No dia seguinte, o garoto, irritantemente lindo, ficou olhando-a de um jeito estranho. A garota podia sentir que havia algo que o menino queria dizer ou fazer, mas que nem ele sabia direito o que era.
A garota praticamente cochilando de olhos abertos, não agüentava mais a aula de geografia. De repente ela desperta com uma bolinha de papel

‘Me espera na hora da saída?
Preciso muito falar com você’

Não estava assinado, mas a letra tipicamente familiar era facilmente associada por ela. Ela respondeu com um ‘Espero’, mas não conseguiu pensar em mais nada durante o resto das aulas.
Tentando demonstrar indiferença, ela desceu calmamente ao bater o sinal, Ele já estava esperando no portão a escola.
- Você queria falar comigo? – a menina perguntou, aproximando-se. A avenida estava cheia, a hora da saída era o pior horário.
E tudo aconteceu muito rapidamente. O garoto agarrou-a e beijou-a, em plena avenida. E os dois esqueceram de tudo. De todas as brigas, de todas as pessoas em volta. Todos olhando, chocados, aquela cena parecida com final de filme romance melado.
Depois de vários minutos então, ele a soltou, segurou sua mão, e disse:
- Vamos sair daqui, essas pessoas olham demais pro meu gosto.
- Concordo.
Assim, os dois saíram andando, caminhando de encontro a uma tarde que seria bem proveitosa.

 
P.S: Ficou ruim, confesso!
 
 
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Eu sei que é pra sempre, enquanto durar ♫

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