Culpa.

Impossível. Mas eu sabia que seria assim. O pior de tudo era isso, eu sabia desde o começo. E mesmo assim, fui em frente pensando que era inabalável, indestrutível. Acreditei que não iria me envolver emocionalmente, mesmo sabendo que já estava envolvida logo no princípio. Minha vontade agora é dormir por uma década e meia. As lágrimas escorridas e já secas, salgam me rosto. Nenhuma demostração de carinho. Nenum afeto. Pura amizade genuína. Puro desejo sexual masculino. Era isso, mais nada. E, essa necessidade de amar, crescia contida em meu peito. Descobri que não podia mais beijá-lo, uma ferida havia sido aberta. Tinha que ser cicatrizada antes que fosse tarde demais. Por isso que segui em frente. Palavras cortantes em uma noite de sexta-feira, atrás de um salão de festas, onde pessoas dançavam e se divertiam sem saber de nada. Essas palavras cortantes e frias, na verdade já estavam calculadas, prontas para desencadear essa dor. Mas a decisão final foi minha. Eu continuaria a sofrer cada vez mais, se quisesse. Ele deixaria isso acontecer. Novamente, o desejo sexual masculino que por ser tão jovem e imaturo não permitia que ele pensasse claramente e percebesse o quanto já havia me machucado. E, mesmo que eu acreditasse que ele não queria isso, que ele se preocupava comigo, já era tarde demais.  Porque ele sabia que eu não era mais uma daquelas menininhas com bunda e sem cabeça com quem ele sai. Ora, ele mesmo havia me dito isso antes. Agora, quando paro e penso, vejo que quem errou fui eu. De novo, por mais que eu pense em mil razões para culpá-lo, logo depois penso em mais mil e uma razões para contra-atacar e ver que sou eu a errada. Tudo foi sempre muito claro, límpido e perceptível. Qualquer um poderia enxergar, menos eu, é óbvio. Precisei de óculos, mas pude ver, não tarde demais, e nem tão cedo como teria desejado se já soubesse.

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♫ In a little while
This hurt will hurt no more
I'll be home, love ♪